Jan 3, 2009

Os olhos pesam-me.
Os meus olhos estão fechados e pesam-me.
Caminho durante a noite silenciosa.
Os sons são como a escuridão, as palavras como a luz.
E os meus olhos pesam.
Querem descanso deste mundo efémero.
Se ao menos eles soubessem o quanto dói...
É como algo a corromper dentro de mim,
Algo que se está a estragar.
Uma doença sem cura, como a morte.
Não sendo a morte uma coisa má.
Que não é.
Acolhe-nos de forma a não sentirmos mais dor.
Acolhedora...
Quando eu sair daqui,
Quando eu deixar a dor pra trás,
Vou descobrir os anos todos que passaram por mim.
Estarei na minha gélida sepultura.
No meu aveludado caixão.
Acolhedor.
Sem medo, sem dor.
Sei que nunca vais voltar a este lugar.
Mas eu fico, na companhia das larvas,
Que me devoram como se lhes desse um prazer imenso.
Um prazer carnal.
Como o sexo.
...Os olhos já nao pesam mais.
Pois de mim, já nada resta.

1 comment:

PQ said...

O poema é excelente.
Só espero que não passe de isso mesmo, um poema, hiperbólico como todos os poemas são, sentido, pois toda a poesia nasce de um parto natural mas, mesmo assim, só um poema.